terça-feira, 28 de maio de 2013

Estereótipos: O Brasil segundo os indianos


O que vem na sua cabeça quando você pensa na Índia? 

"VACAS" deve ter sido a resposta de 90% dos leitores haha já imagino outras respostas, mas não quero influenciar. Se quiserem postar nos comentários, eu adoraria ler :) 
Eu sofri bastante com os estereótipos de brasileiro no começo, porque sou uma péssima brasileira, na verdade. Não sei sambar, não gosto de caipirinha, não como feijão e a praia mais próxima está a pelo menos 5 horas da minha casa. Até porque SOU GAÚCHA, tchê! Algumas vezes quando me perguntavam da onde eu era, eu respondia "Sou do Brasil, mas do SUL" como se isso significasse alguma coisa para eles. Pior ainda quando vinham falar de Ronaldinho Gaúcho, a resposta era sempre um franco e direto  "EU ODEIO ELE". Que tolice a minha... 
Onde eu quero chegar com isso? Estou aqui há meses postando minhas impressões sobre a Índia, rindo e me divertindo às custas da cultura alheia, então achei que seria justo perguntar para alguns amigos indianos o que ELES pensam sobre o Brasil. Não é nada aprofundado, mas vale a reflexão. Todos tem a mesma faixa de idade, são membros ou ex-membros da AIESEC Mumbai, e estão cursando ensino superior. 

A pergunta exata foi "O que vem na sua cabeça quando você pensa sobre o Brasil?". Vamos as respostas: 

"Quando eu penso no Brasil, eu penso em lindas praias, mulheres bonitas e muito futebol."
Farhad Malegam - 22 anos 
Computer Engineer

"Hmm.. As primeiras coisas que vem na minha mente são Rio, samba, futebol, a Copa do Mundo que está por vir, pessoas alegres.. É, eu acho que é isso. Eu vejo seu país como divertido, festivo e feliz."
Kaushal Shetty - 23 anos
Estuda Engenharia

" Futebol. Boa comida. Praias. Carnaval."
Eric Anand Cantona - 20 anos
Estuda Administração

" Sobre a sua pergunta, me desculpe se soar como um esteriótipo, mas se alguém menciona o Brasil eu penso em samba, festas, futebol, praias, mulheres bonitas e, é claro, caipirinha. E meus amigos de lá. "
Abhishek Sawant - 23 anos
Trabalha em empresa do setor de construção civil e estuda Ciências da Computação

" Apenas algumas palavras que vem a minha cabeça quando eu penso no Brasil poderiam ser:

- Nação de imenso talento 'futebolístico' 
- A salsa dos brasileiros
- E o carnaval, do qual eu apenas ouvi falar
- Um pilar para a próxima geração da economia mundial, com o BRIC. "
Arveen Shaheel - 20 anos
Estuda Administração

" Quando eu penso sobre o Brasil eu penso no Cristo Redentor, carnaval, crimes no Rio, praias e essas coisas. Não sei muito sobre a comida e as pessoas."
Osborne Saldanha - Não informado
Não informado

Como previu meu amigo Abhishek, são estereótipos. Mas, com exceção salsa que o mundo inteiro acha que todo sul-americano sabe dançar, podemos dizer que está errado?

No Brasil tem samba? Sim.
No Brasil tem carnaval? Sim.
No Brasil tem "belas praias"? Sim.
No Brasil tem "mulheres bonitas"? Sim. 
No Brasil tem futebol? Sim. 
No Brasil tem festa? Sim.
No Brasil tem povo alegre? Sim.
No Brasil tem caipirinha? Sim. 
No Brasil vai ter Copa do Mundo? Sim.
O Brasil faz parte do BRIC? Sim. 
Tem Cristo Redentor? Sim.
Tem crime no Rio? Sim. Não só lá.

Está tudo CERTO!

"Ah, mas o Brasil não é isso!!"

Ok, não é. Sugiro então que volte para o começo do post e refaça o exercício  identificando o que VOCÊ sabe sobre a Índia. Ou melhor, troque por qualquer outro país do mundo, afinal quem não pensa que na Rússia todos tomam vodka no café da manhã, e no México tequila com churros, óbvio, no Uruguai só se come doce de leite, em Portugal todo mundo tem bigode (especialmente as mulheres), na Alemanha Hitler é Gandhi, e no Japão é puro japa, assim como na China, Coreia, Taiwan, e todo mundo que tem olho puxado?!
O que quero dizer com isso, é que não se pode exigir do mundo que saibam sobre seu país mais do que os estereótipos mostrados pela TV, jornal, internet e, por você mesmo. Afinal, seu país não é o centro do Universo e a sua cultura não é a mais correta. O mundo lá fora é grande demais! E todos os lugares tem seus pontos negativos e positivos. Até mesmo na Índia :)


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Golden Triangle: Delhi

Chegamos a Delhi, a capital da Índia e última cidade para qual viajei. Particularmente, eu detestei. Quer dizer, a cidade é interessantíssima, tem muita história, muitos pontos turísticos super legais, é relativamente limpa, o metrô é ótimo, limpo e funciona tão bem que nem parece Índia. Mas Delhi é perigosa, e eu não me senti segura lá de jeito nenhum. Talvez seja pela péssima reputação da cidade em relação a segurança (que é verdade), ou talvez pelo simples fato de eu morar em Mumbai e ter aderido a rixa que existe entre as duas maiores cidades da Índia. #TeamMumbai ;)

Bom, a parte boa (uma das...) é que ficamos a primeira noite no flat dos trainees da AIESEC de lá, porque umas das gurias que viajou comigo tinha uma amiga fazendo intercâmbio em Delhi. A parte ruim (uma das...) é que o flat deles era infinitamente melhor do que os de Mumbai. Tinha móveis!  Já no segundo dia fomos procurar guesthouse, e não encontramos. Todas os hostels baratos ficam em uma área chamada Paharganj, muitos dos meus amigos já ficaram lá e acharam tranquilo, mas uma moça indiana que conhecemos nos aconselhou a ir no Centro de Informações Turísticas (fica em Connaught Place - o "coração da cidade") e pegar um hotel descente. Então seguimos o conselho! Porém, os hotéis lá tem um padrão bem baixo e um preço bem alto. Falando em Connaught Place, é lá que você pode encontrar bons lugares para comprar, comer, etc. etc. 

Como disse no começo do post, Delhi tem muuuuitos lugares pra ir, então (se tu aguentar) é bom ficar até 3 dias para ver tudo, ou quase. Nós tínhamos 1 dia e meio, então vimos pouca coisa. 

  • India Gate: Monumento em homenagem aos indianos mortos na Primeira Guerra Mundial e Guerras Afegãs. Ao todo, são 85.000 nomes gravados ao longo da estrutura. Bonito significado, visita obrigatória, mas nada especial.


  • Red Fort: Dizem que é super importante e que já chegou a abrigar 11 palácios dentro dele, mas "véi, na boa.." não tem nada demais. Depois de ter visto Fatehpur Sikri e Agra Fort, esse não tem muita graça não. Já que está lá, é bom visitar, mas se estiver cansado só uma foto na frente deve servir. 

  • Jama Masjid: Essa é uma mesquita construída pelo mesmo imperador que mandou construir o Taj (êta carinha que constrói!) e é a maior em toda a Índia. Porém não entrei, pois tinha que pagar algo que consideramos caro (não lembro quanto, mas acredito que não seja tannnto assim), e usar uma burca comunitária cedida por eles. Sem chance! Além disso, o lugar tava MUITO lotado naquele dia, e a gente estava ficando louca. Mas dizem que é bem legal por dentro.  Ah, é bem perto do Red Fort. 




  • Hyumayun Tumb:  Mausoléu onde está enterrado este rei/imperador (não sei ao certo). É patrimônio da UNESCO, e suuper famoso por ter servido de inspiração para o Taj Mahal. É lindo, e tem vários jardins. Vale muito a pena! Um dos meus preferidos.


  • Lotus Temple: Tinham me dito que era sem graça, mas foi meu lugar preferido. Parece uma construção de Oscar Niemeyer hehe Mas o mais legal é simbologia da Lotus. Para os indianos a Flor de Lotus é sagrada, sendo considera símbolo de pureza e paz, além disso é fortemente relacionada a força da mulher. Tanto que nas paredes do templo estão escritas mensagens de conscientização sobre a importância da mulher, da família, e de criar e amar igualmente os filhos, independente do sexo.  Um trabalho extremamente importante na Índia,. levando em conta a situação da mulher no país, onde milhares de bebês femininos são abortados, filhas abandonadas, etc. etc. O brabo de visitar o templo é que tu tem que deixar teu sapato bem na entrada e ir queimando os pés até lá dentro. Sério. 



Já que tocamos no assunto.. Eu tenho tentado evitar falar sobre a situação da mulher na Índia, porque é algo tão complicado, mas tãooo complicado que eu sempre desisto. Não que eu queira esconder algo, pelo contrário, é porque não me sinto capaz de avaliar todos os pontos que influenciam nisso. Faz algum tempo que li um texto de uma indiana que expressa muito bem o que ocorre por lá, porém não consegui encontrá-lo. Vou continuar procurando.

Ir pra Índia vale a pena, poréém é bom estar MUITO preparada e MUTO bem informada. A ideia que muitos turistas tem de ir pra Índia buscar paz espiritual pode até existir em alguns lugares, em retiros, etc, mas a realidade e o dia-a-dia de quem vive lá é BEM diferente, em muitos sentidos. Informem-se!

UPDATE: Acabei de ler no blog INDI(A)GESTÃO a seguinte nota: 

Atenção: não se hospedem NUNCA no Hotel Sunstar Grand que fica no seguinte endereço, 7 A/17, W.E.A Channa Market, Karol Bagh, New Delhi. Há uma perigosa mafia que ameaça os turistas e coisas muito sinistras acontecem por lá. De modo geral evite a região de Karol Bagh!!!

Esse foi exatamente o hotel que ficamos, indicado pelo Centro de Informações Turísticas. Inclusive a indiana que conhecemos nos disse para ficarmos justamente na região de Karol Bagh. Apesar de precário, nossa hospedagem foi tranquila, e o post é de 2005, então não sei se o alerta ainda é válido ou não, nem de onde surgiu essa informação dada pelo blog. Mas de qualquer forma, ai está!


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Golden Triangle: Agra


Finalmeeeente aqui estamos! Agra: a cidade do Taj Mahal - o maior destino turístico da Índia, uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, a maior prova de amor de todos os tempos, o mausoléu da princesa Mumtaz Mahal, a inspiração de Jorge Ben Jor, e tudo mais... 
Que atire a primeira pedra quem não acordou no seu primeiro dia de Índia, olhou pela janela e pensou "O que eu to fazendo aqui?" haha Pois então! No momento que eu vi o Taj Mahal eu entendi o que eu estava fazendo lá e de quebra ainda pensei "AINDA BEM que eu vim". 
A história do Taj Mahal eu já contei aqui antes,  mas a emoção eu acho que nunca vou conseguir contar HAHA Pode parecer exagero (talvez seja), mas é que eu não esperava muito do Taj, na verdade. Apesar de toda a fama, muitos trainees me diziam que o Golden Temple era mais emocionante. E é, em outros sentidos. O Golden Temple é muito mais espiritualizado, tu pode ver a fé das pessoas e o esforço que elas fazem por isso. É fantástico. Mas o Taj Mahal é tão imponente, tão branco, tão inacreditável..  E só de pensar em como ele foi construído por homens e elefantes há tanto tempo. Nossa... Quis chorar!
No Taj não é possível usar o truque do FRRO. Todo estrangeiro paga cerca de 700/800 rúpias, não lembro bem. E, indianos pagam umas 20/25 rúpias. Que revolta! haha A menos que tu seja meio moreninho e se disfarce de indiano haha Sei de casos em que funcionou hein?! Mas se tu for pensar em Reais, não tem muito sentido, já que 700 rúpias são mais ou menos R$25,00. O Cristo Redentor custa o dobro, ou mais! Outra info importante é que o Taj fecha toda sexta-feira somente permitindo a entrada de fiéis muçulmanos, cujos quais participam de uma cerimônio na mesquita que faz parte do complexo. E, sobre os guias: EU ODEIO GUIA TURISTICO. Tão desnecessário e irritante. Mas neste caso, eu até que gostei de ter um no Taj Mahal (estava incluso no pacote do motorista), ele nos explicou a história e mostrou pontos da arquitetura que não teríamos visto sozinhas. 

Observação: O motorista nos cobrou 8000 rúpias para sair de Jaipur, passar em Fathepur Sikri, Agra (Taj Mahal com guia e Agra Fort), e nos largar em Delhi. De trem sai mais barato, mas isso dividio em 4 deu uns 80 reais pra cada. O que me parece ótimo, pela comodidade, segurança, e economia de tempo (Procure uma empresa confiável, os hotéis podem recomendar).

Passamos umas 3 ou 4 horas pelos jardins do Taj Mahal, vimos o pôr-do-sol, mas poderiamos ter ficado mais :)

A primeira visão :O


 


Pose de turista. Quem nunca?


Um beijo pra quem espera a vida toda pra ir no Taj e sai com cara de doença na foto HAHA #cansada


Olhando de dentro do Taj para a Mesquita


Mesquita


Taj Mahal

Spoilers: Por dentro o Taj Mahal não é muito legal. Só tem um túmulo no meio, com uma gradezinha em volta. Tu entra numa muvuca sendo esmagada pelo povo, cuidando a bolsa pra não ser robaaada, roda em volta disso, e sai..

Curiosidade: Nem todo indiano conhece o Taj Mahal :OOOO haha Isso foi chocante pra mim. Afinal toooodos os brasileiros conhecem o Cristo né.. Óbvio O.o

De tanta emoção quase esqueci que em Agra tem também o Agra Fort, que foi onde ficou trancafiado o Imperador responsável pela construção do Taj Mahal até sua morte. Na verdade, eu não entrei, só tirei foto na frente, porque é tecnicamente bem parecido com o Fatehpur Sikri, o motorista tava torrando a paciência, e também não aceitaram meu FRRO pra dar desconto, e eu já tava P*#@ com isso. O ingresso era 300 rúpias (uns R$ 11,00) mas eu já estava muito indiana para perceber o quão barato era e que essa era provavelmente a única oportunidade de visitar o Agra Fort na vida. Palmas para mim! #nemqueriamesmo


Resumindo: Agra é só isso mesmo! Taj Mahal e Agra Fort. O que já é MAIS do que suficiente para passar por lá. Porém, não durma, não coma, e se der.. não respire em Agra.

Próxima parada: Delhi Belly :)